quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

ECA - Preparando o dia da criança

O site Plenarinho da Câmara dos Deputados está promovendo um Concurso de redações sobre o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Podem participar crianças de 7 a 14 anos e o prazo limite para envio dos textos é 30 de setembro pelo email plenarinho@camara.gov.br As melhores redações serão publicadas com destaque e premiadas. O site disponibiliza uma versão em quadrinhos do ECA em sfw ou pdf.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Estatuto da Criança e do Adolescente

Direitos das Crianças


Aula Eca

Professores do Ensino Religioso se unem para trabalhar o tema Estatuto da Criança e dos Adolescentes.

• Professoras: Jussara Faria de Resende e Mírian Aparecida R Ferreira
• Disciplina: Educação Religiosa
• Tema: ECA
• Turmas: 1º,2º,3º,4º e 5º ano.

• Objetivos:
Conscientizar sobre deveres e direitos de cada um;
Reconhecer como cidadão, que em nossa sociedade existem regras e normas sociais a serem cumpridas e respeitadas;
Discriminar direitos e deveres sociais, escolares e familiares;
Compreender-se como parte de um todo, reconhecendo-se como sujeito de direitos e deveres.

Estratégias:
- Leitura e compreensão do gibi – A Turma da Mônica e o Estatuto da Criança e do Adolescente – no Laboratório de Informática;
- Confecção da história em quadrinhos;
- Desenho dirigido;
- Produção de texto;
- Completando e criando frases e pensamentos;
- Cartaz com desenhos representando Direitos e Deveres segundo o ECA;
- Atividades no Laboratório de Informática, explorando o tema: Liberdade e Limites na Família, parte I e II.
- Interpretação de texto: “Por que a criança não pode trabalhar.”
- Atividades relacionando direitos e deveres...
- Gibi do Ziraldo;
- Caça-palavras;
- Estatuto da criança e do adolescente – direitos e deveres – (art. 3, 7 ,11, 15, 16, 17, 18, 19, 53, 71 da lei 8 069 de 13/07/1990 ECA).

• Desenvolvimento:
As atividades foram ministradas após a manipulação, leitura e interpretação do gibi da Turma da Mônica que aborda os direitos e deveres numa linguagem divertida, agradável e de fácil compreensão para o público alvo já mencionado neste planejamento, abrangendo todo o tempo previsto.

• Avaliação:
Será observado a participação de cada criança, as atitudes que cada uma delas conseguirem demonstrar. Farão parte de uma avaliação processual, além da organização e realização das atividades propostas.

FONTE:
http://www5.uberlandia.mg.gov.br/pmueduca/ecp/comunidade.do?evento=portlet&pIdPlc=ecpTaxonomiaMenuPortal&app=iracy_andrade&idConteudo=11476&lang=pt_BR&pg=5093&taxp=0&

Plan de Aula: Aprendendo e Conhecendo o Eca

Autora: Gláucia Costa Abdala Diniz (Uberlândia/MG - Ed. Básica)
Co-autor(es): Fátima Rezende Naves Dias; Marta Regina Alves Pereira; Liliane dos Guimarães Alvim Nunes; Lucianna Ribeiro de Lima

Estrutura Curricular

Modalidade: Ensino Fundamental Inicial
Tema: Ética e respeito mútuo
Dados da Aula: O que o aluno poderá aprender com esta aula
1. Conhecer o Estatuto da Criança e do Adolescente.
2. Identificar situações em que os direitos da criança e do adolescente não são respeitados.
3. Propor ações que ampliem a divulgação do ECA e que garantam o respeito aos direitos contidos no Estatuto.

Duração das atividades: 02 aulas de 50 minutos

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno: não são necessários conhecimentos prévios.

Estratégias e recursos da aula

Comentários para o professor: De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público, assegurar com absoluta prioridade a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Apesar de já decorridos 15 anos de sua promulgação, a realidade revela que se torna cada vez mais evidente a dificuldade de efetivação dos direitos inscritos no Estatuto na realidade cotidiana das crianças e adolescentes brasileiros. Desse modo, é necessária uma ampla difusão do ECA e a proposição de ações mais efetivas que garantam o respeito a estes direitos.

Momentos da aula:

1º Momento: O professor deverá iniciar a aula perguntando: Quem sabe o que significa a sigla ECA? Caso nenhum aluno conheça a sigla, o professor dirá o seu significado – Estatuto da Criança e do Adolescente. Em seguida, lança outras questões: O que é um Estatuto? Para que serve?
Após ouvir as hipóteses dos alunos, o professor deverá informar que irão conhecer o ECA, por meio de uma turma que é muito divertida, mas que também se preocupa com assuntos sérios.
(A apresentação do recurso poderá ser feita de forma dialogada, interativa, ou seja, professor e alunos poderão fazer comentários, esclarecimentos acerca do que a Turma da Mônica relatar em cada parte da história. Sugere-se que esta atividade seja realizada no laboratório de informática).

2º Momento: Após assistir ao vídeo, abrir espaço para que os alunos esclareçam dúvidas, façam perguntas e se posicionem em relação ao que foi relatado sobre o ECA. O professor também fará os seguintes questionamentos: Será que este Estatuto é conhecido pela maioria das crianças e adolescentes brasileiros? E pelos adultos que cuidam de crianças e adolescentes? Em que situações vocês consideram que os direitos contidos no estatuto não estão sendo respeitados? O que podemos fazer para divulgar o ECA e garantir que os direitos sejam cumpridos?

3º Momento: Em seguida, o professor deverá propor a elaboração de um texto coletivo contendo informações sobre o ECA, para contribuir com a divulgação do mesmo e sugerir algumas ações que garantam o respeito aos direitos das crianças e adolescentes brasileiros. Para isto, professor e alunos poderão pesquisar mais informações sobre o Estatuto, por meio da Internet.
O texto produzido coletivamente deverá ser publicado no jornalzinho da escola e /ou em outros meios de comunicação.

Recursos Complementares
Professor, para enriquecer as discussões relativas ao ECA, acessar o sítio http://www.promenino.org.br/portals/o/cidade/index.htm onde você encontrará um recurso bastante interessante que se refere à Cidade dos Direitos. Para a sua utilização, os alunos deverão ir para a sala de informática da escola.

Avaliação
A avaliação deverá ser contínua, processual, diagnóstica.
Auto-avaliação dos alunos (oral ou por escrito): Participação individual e grupal nas atividades propostas. Em que a atividade contribuiu para conhecer e refletir sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Avaliação dos alunos pelo professor: Envolvimento e participação dos alunos nas discussões e produção coletiva de texto. Respeito aos momentos de fala e escuta e às opiniões dos colegas. Capacidade de identificar situações em que os direitos da Criança e do Adolescente não estão sendo respeitados e de propor ações de mudanças.

FONTE:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=10008

Uma Breve História dos Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil

Cartaz Turma da Mônica do Eca

Cartilha O Menino Maluquinho e os Direitos Humanos

A Turma do Menino Maluquinho aprende sobre Direitos Humanos

O cartunista Ziraldo escreve Cartilha que traz os 30 artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, com a Turma do Menino Maluquinho. A publicação é uma iniciativa da Secretaria Especial dos Direitos Humanos - SEDH.

Para baixar a cartilha completa clique no link abaixo:
http://www.promenino.org.br/Portals/0/Biblioteca/CartilhaZiraldo_DH.pdf

Caça-palavras

Caça-palavras: busque no quadro as palavras em negrito. Mas atenção, pois no quadro as palavras estão sem acentuação.

Toda criança tem o direito de brincar
Toda criança tem o direito de ter uma alimentação saudável
Toda criança tem o direito de ter uma família
Toda criança tem o direito de ter respeito
Toda criança deve ter acesso à educação
Toda criança tem o direito a vida
Toda criança tem o direito a saúde
Toda criança tem o direito a segurança
Toda criança tem o direito a liberdade

Cruzadinha.

Horizontal
1. Dentre os deveres das crianças e dos adolescentes, está o de ... os pais e os mais velhos. (palavra com oito letras)
3. Júnior mora em uma casa humilde no sertão. Todo dia, sua mãe prepara para as refeições uma mistura de farinha e água. Júnior não tem garantido o seu direito a uma boa ... (palavra com 11 letras)
4. Além dos direitos, o ECA também fala sobre os ... (palavra com sete letras)
6. Toda pessoa que ainda não completou 12 anos é uma ... (palavra com sete letras)
9. Flavinho tem 11 anos e não está matriculado na escola. Flavinho não tem garantido o seu direito de ... (palavra com sete letras)
10. Além de direitos, as crianças tem deveres, como o de ... o meio ambiente. (palavra com nove letras)

Vertical
2. Aninha não tem tempo para encontrar seus amiguinhos. Ela vai à escola pela manhã e no resto do dia ajuda a mãe a recolher lixo reciclável para ajudar a família. Nesse caso, Aninha não tem garantido seu direito de ... (palavra com sete letras)
5. Os direitos infanto-juvenis são garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, também conhecido pela sigla ... (palavra com três letras)
7. Paulo completará 14 anos daqui a dois meses. O menino está animado porque então poderá trabalhar como ... (palavra com oito letras)
8. O ... infantil é proibido pelo ECA. Mesmo assim, milhares de crianças são obrigadas a trabalhar para ajudar suas famílias. (palavra com oito letras)

Os Direitos das Crianças.








sábado, 28 de agosto de 2010

Sugestões de Atividades 2

Sugestões de Atividades 2

CENPEC - Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária

Combatendo o Trabalho infantil

GUIA PARA EDUCADORES



SUGESTÕES DE ATIVIDADES 2

Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil - IPEC

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO

Escritório no Brasil

Sumário

Sumário
4 Introdução
9 História

10 Ativ.1 Crianças e adolescentes devem trabalhar?
11 Ativ.2 Panorama do trabalho infantil no Brasil atual
13 Ativ.3 Por que crianças e adolescentes trabalham?
15 Ativ.4 Trabalho infantil no passado: crianças escravas e operárias
16 Ativ.5 Os direitos da criança e do adolescente
18 Ativ.6 Outros jeitos de ser criança
19 Sugestões de leitura
21 Português
22 Ativ.1 Jornal mural: organização inicial
24 Ativ.2 Produção dos textos para o mural
25 Ativ.3 Jornal falado
26 Ativ.4 Poemas
27 Ativ.5 Histórias, personagens e cenários
29 Ativ.6 Organizando o evento final
29 Referências bibliográficas
31 Ciências
32 Ativ.1 Conhecendo seus direitos
33 Ativ.2 O direito à saúde
34 Ativ.3 Os catadores de lixo
36 Ativ.4 Prostituição infantil
37 Sugestões de leitura
39 Geografia
40 Ativ.1 Criança não trabalha
41 Ativ.2 Representações do trabalho infantil
42 Ativ.3 O trabalho infantil na comunidade
43 Sugestões de leitura
45 Arte
46 Ativ.1 Criando um símbolo
47 Ativ.2 Divulgando nossas idéias
49 Ativ.3 Quem canta seus males espanta?
50 Ativ.4 Não desligue o televisor
51 Referências bibliográficas
52 Textos para reprodução para os alunos
53 História
56 Português
61 Ciências
63 Geografia

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Geografia – Texto 18

Criança não trabalha
Paulo Tatit e Arnaldo Antunes

Lápis, caderno, chiclete, pião
Sol, bicicleta, skate, calção
Esconderijo, avião, correria,
Tambor, gritaria, jardim, confusão
Bola, pelúcia, merenda, crayon
Banho de rio, banho de mar,
Pula-sela, bombom

Tanque de areia, gnomo, sereia,
Pirata, baleia, manteiga no pão
Giz, mertiolate, band-aid, sabão
Tênis, cadarço, almofada, colchão
Quebra-cabeça, boneca, peteca,
Botão, pega-pega, papel, papelão.
Criança não trabalha,
Criança dá trabalho,
Criança não trabalha!
1, 2 feijão com arroz
3, 4 feijão no prato
5, 6 tudo outra vez!
(Do CD Canções curiosas, Palavra Cantada/Eldorado, 1998)

Ciências – Texto 17

Prostituição infantil
Andréia Peres
Seja no mangue, no lixo, seja na roça, o trabalho infantil é terrível – e condenável – em qualquer uma de suas formas. A Organização Internacional do Trabalho, no entanto, classificou na sua última convenção algumas atividades como piores do que outras e incluiu a prostituição na sua lista de trabalhos que precisam ser urgentemente erradicados. O Piauí é um dos estados brasileiros em que a prostituição infantil é mais escancarada. Na Praça da Bandeira, uma das principais de Teresina, uma dezena de prostitutas meninas disputam clientes em plena luz do dia. Algumas delas vendem café por 25 centavos, para disfarçar, mas a maioria nem se preocupa com isso.
Em outra cidade do Piauí,] Maquiada e com roupas curtíssimas, Rosa aparenta mais do que seus 14 anos. Desde os 13 a menina se prostitui. Sem dinheiro e sem emprego, ela aceitou a proposta de um homem com quase o triplo da sua idade para fazer sexo por dinheiro. Recebeu dez reais pelo programa e passou a ir sempre para a praça.
“Tem alguns clientes que eu não agüento nem ver.
Tampo o rosto para não olhar e transo assim mesmo”, diz a menina, que coleciona fotos e pôsteres do Ronaldinho e parou de estudar na quarta série.
Sua mãe sabe de tudo; não concorda com o tipo de trabalho da filha, mas não o reprime. Rosa vive numa casa de pau-a-pique, sem energia elétrica, em Timon, na fronteira do Piauí com o Maranhão. Seus cinco irmãos e a mãe sobrevivem com o salário mínimo que seu padrasto recebe. Com o dinheiro que ganha na rua, a menina compra roupa, calçados e, de vez em quando, comida. Seu maior desejo é arrumar emprego numa casa de família.
(Extraído de Revista Cláudia, p.21-2, set. 1999)

Ciências – Texto 16

É ruim ser criança

Cabelo escorrido, magrinha, pele morena, roupas puídas e sandálias de borracha, Ionara Oliveira Alves, 11 anos, vive do lixo do Janguruçu, em Fortaleza.
Metade das mil pessoas que aqui trabalham são mulheres, adolescentes e crianças.
Janguruçu fica a 10 quilômetros da cidade. O aterro recebe 3 000 toneladas de lixo residencial, hospitalar e entulhos por dia. (...)
Ionara se matriculou na escola, por isso só vai para a rampa aos sábados e domingos. Procura brinquedos, mas cata “outras coisinhas”. Com isso, ajuda nas despesas com a alimentação. São nove pessoas em casa. (...) A renda dessa família chega no máximo a um salário mínimo por mês.
Logo na entrada, perto das balanças, a sensação é angustiante. Nuvens de moscas colam na pele, o calor é insuportável, misturado aos gases da fermentação do lixo e do chorume, que escorre pelos barrancos para o rio Cocó. O mau cheiro sufoca. Há restos de tudo, inclusive seringas, agulhas e frascos de soro. (...)
Centenas de catadores se atiram sobre o lixo, assim que cada veículo [caminhão] chega. Roupas sujas em frangalhos, calçam sapatos díspares encontrados no meio dos “bagulhos” e cobrem a cabeça com camisetas e trapos. Disputam o entulho (...) num trabalho contínuo de vasculha-acha-separa-amontoa-carrega.
A briga é desigual: os homens são mais agressivos e pegam maior quantidade de materiais. As crianças acabam ficando na retaguarda, esperando que sobre alguma coisa para amontoar e vender aos “deposeiros”.

Acidentes acontecem diariamente e, é claro, não há assistência alguma. Ionara vai narrando:
“É
muito ruim ser criança”. Ela se sai mal quando o caminhão chega. (...) “Porque tem muita gente abestada mesmo, que não pode ver a gente pegar uma lata, que pode até matar por isso. (...) As crianças catam com a mão, com paus. Perigoso. Uma amiga minha não viu um caco e cortou a mão. Depois tem esse movimento de caminhão, trator, tudo em cima, muito perigoso. Um menino morreu atropelado; e uma mulher, buchuda, o trator passou em cima”.
Os catadores fazem as refeições no meio da sujeira, com milhares de moscas e outros insetos em volta.
Normalmente, levam marmita e água de casa, para não se sujeitar ao preço dos barraqueiros. Alguns, na ânsia de garantir mais produção, trabalham à noite, iluminados por lamparinas de querosene, feitas com latas velhas e trapos.

“Tem criança virando a noite. Eu já trabalhei de noite. Mas é muito ruim, não dá pra dormir nada de madrugada. A gente se ajeita em cima de um papelão, perto dos fardos. Mas pode pegar um fuscão: tem uns meninos que jogam aquele pó preto que vem no lixo, ou então pó de pneu queimado. A gente amanhece preta dos pés à cabeça. Já aconteceu comigo.
Se quiser dormir um pouquinho, tem de botar papelão em cima”.
Os catadores não têm condições de pensar no futuro.

Ionara resume:
“Quando eu vinha aqui todo dia, pensava: vou dormir. Dormia, acordava, estava a mesma coisa. Quando brinco com os brinquedos que acho por aqui, eu finjo que sou dona de casa e que minha amiga também tem uma casa. Eu sonho”.
(Extraído de Huzak & Azevedo, Crianças de fibra, 2000, p.80-5)

Ciências – Texto 15

O trabalho no sisal

Já é meio-dia e Éris começou às 7 da manhã.
As pernas, sob o calção curto, estão cheias de feridas pelo contato com as folhas cortantes e seu suco. Enxames de moscas pousam sobre elas. O cabelo de Éris é todo avermelhado nas pontas, de tanto sol na cabeça, mas vida de cambiteiro é assim mesmo: pega a palha e leva no burro; traz fibra descascada e ajuda a mãe a estender nos jiraus, para que seque. Dá duro e já aprendeu a não reclamar, embora tenha 7 anos.
(Extraído de Huzak & Azevedo, Crianças de fibra, 2000, p.132-4)

Depoimento de Paulo Sérgio, menino trabalhador em cultura de sisal, Bahia:
Comecei como cambiteiro aos 4 anos. Com 16 cortava sisal. Meu pai sevava. Quando ele morreu, tive de fazer o serviço. Um dia, uma fibra embolou o motor. Bati nela e ela prendeu meus dedos. O problema não foi só a dor, mas a falta que a minha mão faz.
O sisal dá muito trabalho e pouco dinheiro para quem produz. Se não destocar, enche de mato.
Cortar é perigoso por causa das cobras no miolo da planta e as pontas das folhas podem bater no olho e furar. Carregar, botar, sevar, estender para secar: tudo é longe. Tem de andar muito, com peso, no sol quente. Depois as escolas são distantes, tem de andar mais.
(Extraído de Huzak & Azevedo, Crianças de fibra, 2000, p.135-9)

Ciências – Texto 14

Declaração dos direitos da criança

Toda criança, independente de sexo, cor, raça, religião, origem nacional ou social, ou qualquer outra condição, sua ou de sua família, tem direito a:

1 desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente de forma sadia, em condiçõesde liberdade e dignidade;
2 receber um nome e uma nacionalidade, desde o nascimento;
3 crescer e criar-se com saúde, tendo alimentação, habitação, recreação, cuidados, proteção e benefícios da previdência social;
4 receber cuidados especiais no caso de incapacidade física, mental ou social;
5 crescer em ambiente de afeto e segurança, moral e material, propiciado pelos pais e pela sociedade;
6 receber educação gratuita, em condições de igualdade de oportunidades;
7 brincar e divertir-se;
8 estar entre os primeiros a receber proteção e socorro, em quaisquer circunstâncias;
9 ser protegida contra abandono, violência, tráfico, ou exploração pelo trabalho;
Não será permitido à criança empregar-se antes da idade mínima conveniente; de nenhuma forma será levada a ou ser-lhe-á permitido empenhar-se em qualquer ocupação ou emprego que lhe prejudique a saúde ou a educação ou que interfira em seu desenvolvimento físico, mental ou moral.
10 ser protegida contra toda e qualquer forma de discriminação, crescendo em ambiente de tolerância e amizade entre os povos.
(Adaptado da Declaração dos Direitos da Criança, aprovada na Assembléia Geral das Nações Unidas em 20 de novembro de 1959)

Português – Texto 13

Trabalho infantil nos centros urbanos

Nos centros urbanos, o trabalho infantil é visível nas ruas e, especialmente, nos depósitos de lixo ou “lixões”. Em ambiente altamente insalubre, crianças e adolescentes recolhem garrafas, latas, plástico e papel, que vendem para serem reciclados ou reaproveitados. Nos lixões, convivem com materiais contaminados e gases de fermentação dos dejetos; latas, garrafas e peças de metal cortam e ferem, tanto adultos como crianças.
Alimentam-se em meio a enxames de moscas.
Além do que recolhem para venda, costumam selecionar alimentos e objetos reaproveitáveis para uso próprio. Com o que vendem, crianças conseguem obter a quantia de no máximo R$ 2,00 por dia. É comum trabalhar a família inteira, numa jornada ininterrupta, sem descanso semanal ou qualquer vínculo empregatício.
Pequenos trabalhadores nas cidades vêem-se por toda parte, nas ruas. São vendedores de picolé, fruta, cigarro, biscoito, doces e balas; são guardadores de carro, “flanelinhas”, jornaleiros ou engraxates, dentre tantas atividades. Vendendo produtos diversos entre veículos em congestionamentos, pontos de ônibus, em frente a centros comerciais ou estádios de futebol, eles fazem parte da paisagem urbana, sendo por muitas vezes vistos como estorvo ou mesmo como futuros marginais. A rua é um local de trabalho cruel e perigoso: as relações que estabelecem com outros atores sociais (adultos agenciadores, policiais, traficantes e adultos de rua) em muitos casos põe em risco sua vida. Além disso, esses meninos e meninas fazem longos percursos a pé, alimentamse de maneira e em horários inadequados e, por vezes, trabalham em locais e horários impróprios para a idade, como bares ou boates, à noite.
Nas cidades, além dos lixões e do trabalho nas ruas, outra forma de inserção, menos visível, é o emprego doméstico e em pequenos empreendimentos (lojas, fábricas e escritórios familiares ou de pequeno porte). O trabalho infantil nesses casos apresenta-se como recurso barato e sem necessidade de regularização por parte dos empregadores.
Isso talvez cause menor impacto, porém não perde suas características e condições de exploração, exposição a riscos e prejuízo no desenvolvimento de crianças e adolescentes.
O trabalho doméstico, realizado geralmente por meninas em residências, constitui freqüentemente uma forma de exploração oculta. Na maioria das vezes, as condições de vida e trabalho são inadequadas, muitas meninas dormem no emprego – condição que favorece uma jornada de trabalho extremamente alongada – e algumas delas chegam a sofrer humilhações e abusos sexuais.
Uma pesquisa feita pelo DIEESE (1997) em seis grandes centros urbanos brasileiros constatou que 70% das crianças trabalhadoras têm menos de 14 anos, sendo que um terço delas começou a trabalhar antes dos 10 anos. Grande parte delas trabalha cinco, seis e até sete dias da semana, em tempo integral; muitas cumprem parte da jornada de trabalho à noite. O trabalho que as crianças fazem é exatamente o mesmo que é feito por adultos, inclusive com as mesmas condições precárias, isto é, em locais perigosos e insalubres.
O quadro aqui esboçado mostra que a sociedade brasileira vem violando os direitos de milhões de crianças e adolescentes, que continuam sendo agenciados para os mais diversos tipos de trabalho, realizados em condições que em nada se revertem em seu próprio benefício.
Fontes: Mapa de indicativos do trabalho da criança e do adolescente (Brasil, 1999); DIEESE (1997
).

Português – Texto 12

Trabalho infantil no campo

Conhecer a realidade do trabalho infantil significa conhecer também as condições desumanas em que ocorre. As crianças trabalhadoras desenvolvem atividades penosas, perigosas, em ambientes insalubres – no mais, inadequadas também para adultos. Vários desses aspectos podem ser mais facilmente vislumbrados no campo, na cultura da cana de açúcar, nas carvoarias, no sisal e nas pedreiras, entre outros.
Milhares de crianças e jovens trabalham de sol a sol nos canaviais e no engenho, principalmente em Alagoas, Bahia e São Paulo. Na safra, fazem o corte da cana, ajudam a transportar os feixes para o engenho. Num calor abrasador, trabalham no cozimento do caldo da cana, revirando-o com uma escumadeira, retirando espuma e impurezas, até que se atinja o ponto do melado. Na entressafra, pegam na enxada para ajudar os pais a limpar o canavial. Esse tipo de trabalho os expõe a vários riscos de acidentes – lesões por facão ou foice, queimaduras, picadas de cobras. Além disso, o transporte até o local de trabalho é feito em veículos inadequados. As jornadas são longas, os salários baixíssimos e a situação é agravada pela falta de alimentação, de água potável e de instalações sanitárias adequadas.
Sob o calor do sol e dos fornos que queimam lenha para fazer carvão, centenas de crianças e jovens trabalham em carvoarias, principalmente nos estados da Bahia, Goiás e Minas Gerais. Seu trabalho é encher os fornos com lenha, fechá-los com barro e, depois, retirar o carvão. Ainda ajudam no corte das árvores para fornecer a lenha, no ensacamento do carvão e no carregamento dos caminhões.
Fumaça e calor fazem parte do ambiente de trabalho. A jornada excessiva, o trabalho noturno e exposição a variações bruscas de temperatura comprometem a saúde.
Crianças e adultos trabalham sem proteção alguma e sem descanso semanal.
Em algumas localidades do Mato Grosso do Sul, constatou-se a existência de trabalho semi-escravo, ou seja, a empresa fornecia alimentos e descontava seu valor sem apresentar notas; na hora do acerto de salário, muitos trabalhadores ainda ficavam devendo à empresa. O grande paradoxo é pensar que o carvão, destinado a fornecer energia, seja produzido subtraindo energia de crianças e jovens.
No sertão da Bahia e da Paraíba, crianças e adolescentes trabalham nas plantações de sisal: cortam as pontudas folhas e as carregam para a “batedeira”, máquina de desfibrar as folhas de sisal, transportando também a fibra processada para a secagem. Nesse trabalho, não raro sofrem mutilações pelo uso da máquina e ainda são expostos ao ruído excessivo e à alta concentração de poeira.
O Brasil é o principal fornecedor mundial dessa planta, cujas fibras conseguem altos preços no
mercado internacional. A beleza dos produtos derivados do nosso sisal esconde histórias de privações de crianças e adolescentes envolvidos na produção da fibra.
Detectado em 12 estados brasileiros, dentre os quais Alagoas, Bahia e São Paulo, o trabalho de crianças e adolescentes em pedreiras lembra os antigos trabalhos forçados que prisioneiros eram obrigados a realizar. As crianças trabalham a céu aberto em meio a explosões de rochas, provocadas com cartuchos de pólvora. Com marretas e talhadeiras quebram os blocos de pedras sob o sol, num esforço físico excessivo para suas idades.
Também trabalham no polimento e carregamento de pedras, inalando pó o tempo inteiro. A jornada é excessiva, o trabalho é insalubre, ninguém usa óculos ou qualquer outro meio de proteção.
Fontes: Mapa de indicativos do trabalho da criança e do adolescente (Brasil, 1999); Huzak & Azevedo (2000)

Trabalho infantil é...

Trabalho infantil é...
Michael J.Pasternak

Trabalho infantil é…
sombra na escuridão,
silêncio do lado de fora,
guerra por dentro,
o amarelo-violeta de velhos machucados. (...)
Trabalho infantil é…
uma áspera gravata de seda que te enforca,
um vestido tecido de dor,
olhos famintos,
sonhos desfeitos.
O trabalho infantil vive…
No buraco negro do espaço (...)
Seu pertence mais precioso:
as crianças mortas e esquecidas
para sempre.
(Extraído de OIT/IPEC, Poems and songs. Genebra, 1998.p.14-5.)

Português – Texto 11


O campo de golfe e o moinho.
Sarah N. Cleghorn

O campo de golfe e o moinho
ficam perto, tão pertinho…
Que as crianças trabalhando
quase sempre podem ver
os homens brincando.

Português – Texto 10

Pivete
Francis Hime e Chico Buarque de Holanda


No sinal fechado
Ele vende chiclete
Capricha na flanela
E se chama Pelé
Pinta na janela
Batalha algum trocado
Aponta um canivete
E até
Dobra a Carioca, olerê
Desce a Frei Caneca, olará
Se manda pra Tijuca
Sobe o Borel
Meio se maloca
Agita numa boca
Descola uma mutuca
E um papel
Sonha aquela mina, oleré
E tem as pernas tortas
Prancha, parafina, olará
Dorme gente fina
Acorda pinel
Zanza na sarjeta
Fatura uma besteira
E tem as pernas tortas
E se chama Mané
Arromba uma porta
Faz ligação direta
Engata uma primeira
E até
Dobra a Carioca, olerê
Desce a Frei Caneca, olará
Se manda pra Tijuca
Na contramão
Dança pára-lama
Já era pára-choque
Agora ele se chama
Ayrton
Sobe no passeio, olerê
Não se liga em freio
Nem direção
No sinal fechado
Ele transa chiclete
E se chama pivete
E pinta na janela
Capricha na flanela
Descola uma bereta
Batalha na sarjeta
E tem as pernas tortas.
(Extraído de Chico Buarque de Holanda, Para todos. São Paulo: RCA; Distr. BMG Ariola, 1993)

Português – Texto 9

Meninos carvoeiros
Manuel Bandeira (Petrópolis, 1921)

Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
– Eh, carvoeiro!
E vão tocando os animais com um relho enorme.
Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.
(Pela boca da noite vem uma velhinha que os
recolhe, dobrando-se com um gemido)
– Eh carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles...
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se
brincásseis!
– Eh, carvoero!
Quando voltam, vêm mordendo num pão
encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como
espantalhos desamparados!
(Extraído de Manuel Bandeira, Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966, p.92-3)

Português – Texto 8

Notícias e manchetes

TRABALHO INFANTIL COMEÇA A SER COMBATIDO NO RJ

Rio – O Programa Comunidade Solidária, presidido pela primeira-dama Ruth Cardoso, lançou
no Rio de Janeiro uma campanha de erradicação do trabalho infantil no estado, que será estendida à Bahia e a Mato Grosso. A iniciativa decorreu dos dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), segundo os quais, das 30 mil pessoas que trabalham no corte de cana no norte e noroeste do Estado do Rio, 6 mil são crianças com idades entre 5 e 14 anos. Esse número representa 20% da mão-de-obra empregada. A pesquisa mostra, ainda, que a situação é mais crítica no Rio, em Mato Grosso e na Bahia…
(O Estado de S. Paulo, 7 maio 1997)

Português – Texto 7

Mais argumentos

Sou a favor do trabalho infantil porque sou a favor da liberdade. Exemplos mostram que quem começou cedo a trabalhar (...) perdeu o medo de enfrentar a vida. Tirar o menor do mercado de trabalho para proteger o adulto é um atentado à liberdade do menor. (Dirigente empresarial).
Trabalhando precocemente, as crianças perdem a chance de desenvolver sua criatividade, seu potencial como cidadãos plenos e produtivos. Lugar de criança tem que ser na escola, junto da família, nos centros de formação. (Oded Grajew, empresário, Presidente da Fundação ABRINQ)
Valorizar demais o trabalho para a solução dos problemas sociais faz com que as pessoas achem que o trabalho é bom até para crianças. Ao ver uma criança entregando pizza, as pessoas ficam aliviadas. Acham que é melhor estar trabalhando do que assaltando ou cheirando cola. (Socióloga)
“Trabalho faz mal para a educação”, mostra a pesquisa do Datafolha feita em São Paulo, na Bahia e em Pernambuco. (Reportagem da Folha de S. Paulo,1o maio 1997, Especial Trabalho Infantil, p.5)
O lugar é escuro e fechado. Isso é ilegal. Mas é melhor trabalhar do que ficar vagabundeando na rua. (Menino de classe média ao conhecer uma fábrica que empregava crianças, mesma reportagem da FSP, 1o maio 1997).
Disseram que em Brasília as meninas só brincam e estudam. Eu só trabalho, me furo e canso no sisal. Isso é vida de criança? (Menina de 13 anos, mesma reportagem da FSP

Português – Texto 6

Trabalho infantil: o que é, o que não é?

O trabalho infantil pode ser definido como o que é feito por crianças e adolescentes que estão abaixo da idade mínima para a entrada no mercado de trabalho, segundo a legislação em vigor no país. No entanto, é preciso refinar essa definição, considerando aspectos de tradições culturais em diferentes lugares do mundo.
Algumas sociedades não mantêm registros escritos de sua história, técnicas ou ritos: a transmissão cultural realiza-se oralmente. Assim, na agricultura ou na produção artesanal, crianças e adolescentes realizam trabalhos sob a supervisão dos pais como parte integrante do processo de socialização – quer dizer, um meio de transmitir, de pais para filhos, conhecimentos e técnicas tradicionais.
Esse trabalho pode ser também motivo de satisfação para as próprias crianças.
No entanto, essa situação de trabalho como parte do processo de socialização não deve ser confundida com aquelas em que as crianças são obrigadas a trabalhar, regularmente ou durante jornadas contínuas, para ganhar seu sustento ou o de suas famílias, com conseqüentes prejuízos para seu desenvolvimento educacional e social.
Assim, as condições de exploração e os prejuízos à saúde e ao desenvolvimento da criança ou adolescente é que iriam definir o trabalho infantil.
Mas é preciso lembrar que o mero fato de trabalhar “em casa” ou “com a família” não o descaracteriza.
Mesmo no trabalho em família, muitas crianças são submetidas a estafantes jornadas de trabalho na lavoura ou são encarregadas de todos os serviços domésticos e cuidados com irmãos menores, sem que lhes seja garantido, por exemplo, tempo para ir à escola ou brincar.
Atualmente, na luta pelo reconhecimento dos direitos da criança e do adolescente, um parâmetro mais claro tem sido adotado: ainda que seja para garantir a continuidade de uma tradição familiar, para dividir responsabilidades no interior da casa ou para ajudar na lide do campo, o trabalho de crianças não pode impedir que elas exerçam seus direitos à educação e ao brincar, essenciais a seu pleno desenvolvimento.
Mas, atenção: isso não quer dizer que crianças estejam dispensadas de ajudar: podem e devem assumir tarefas, de forma compatível com suas idades, partilhando-se entre todos os membros da família – inclusive os masculinos – as tarefas domésticas necessárias a uma convivência saudável
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História – Texto 5


O ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

O ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, é uma lei para assegurar, a toda criança e adolescente, o direito básico de viver – desenvolver- se sadiamente, educar-se e receber proteção.
Ao contrário da maioria das nossas leis, estabelecidas a partir “de cima”, o ECA resultou de uma longa mobilização dos setores sociais comprometidos com a mudança, tanto na maneira de “ver” a criança e o adolescente quanto no atendimento a lhes ser dedicado. Esses setores se organizaram e conseguiram que fosse incorporada na nossa Constituição de 1988 dois artigos especificamente referidos aos direitos da infância e juventude.
Dois anos depois, foi promulgado o Estatuto, regulamentando esses direitos.
O ECA é considerado uma legislação muito “avançada”. Em sua redação, evitou-se usar o termo “menor”, das leis anteriores, que designava crianças pobres, abandonadas, ou que incorriam em delitos. Isso representou uma mudança radical: substituir o termo “menor” por “criança e adolescente” é uma atitude política, de não-discriminação.
Institui-se uma nova concepção de criança e adolescente como sujeitos de direitos – pessoas que, nessa fase da vida, necessitam de atendimento e cuidados especiais para se desenvolver plenamente. Essas necessidades constituem direitos de todos, sem qualquer discriminação.
O principal aspecto do ECA é especificar os direitos da criança e do adolescente à vida e saúde, à liberdade, respeito e dignidade, à educação, cultura, esporte e lazer, e à profissionalização e proteção no trabalho. Além disso, explicita a condenação legal contra toda e qualquer forma de ameaça ou violação dos direitos, seja por violência, exploração, discriminação ou negligência, responsabilizando o poder público de garantir essa proteção.
O Estatuto também assegura às crianças e adolescentes o direito à convivência comunitária e familiar, à livre expressão de opiniões e crenças; e o direito de brincar, de praticar esportes e de se divertir.
Dois direitos assegurados pelo ECA, em especial, interessam aqui: o direito à educação e a proteção no trabalho. O Estatuto reforça a centralidade da educação, garantindo a toda criança e adolescente o direito de acesso a escola pública e gratuita, próxima da residência, em igualdade de condições de acesso e permanência, assegurando também o direito a programas suplementares de material didático, transporte escolar, alimentação e assistência à saúde. Cabe ao Estado oferecer ensino fundamental, obrigatório e gratuito, estender aos poucos essa obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio, além de oferecer creche e pré-escola para as crianças de até 6 anos. O Estatuto determina ainda que, ao adolescente trabalhador, deve ser oferecido ensino noturno regular.
O capítulo V do ECA é inteiramente dedicado ao trabalho. Nele se definia a idade mínima de 14
anos para admissão ao trabalho, mas a Lei 10.097 de 2000 determina a idade mínima de 16 anos.
Então é essa última que vale. O trabalho da criança de 0 a 14 anos permanece terminantemente proibido. E o adolescente entre 14 e 16 anos pode exercer trabalho só na condição de aprendiz. Essa condição é detalhadamente regulamentada: a aprendizagem deve realizar-se em instituição credenciada e supervisionada pelos órgãos públicos.
E o Art. 68, sobre o trabalho educativo, determina que os aspectos pedagógicos prevaleçam sobre o aspecto produtivo.
O adolescente maior de 16 anos, ao ingressar em um emprego, tem todos os direitos assegurados ao trabalhador na CLT (carteira de trabalho assinada, salário, repouso semanal remunerado, férias, recolhimento do FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, direitos previdenciários etc.).
A única possibilidade de trabalho para o adolescente sem vínculo de emprego é a condição de estagiário. Mas o estágio é regido por lei específica, que estabelece entre outras coisas a compatibilidade entre a “parte prática” e o horário escolar, de modo a garantir a freqüência à escola.

História – Texto 4

“Justificativas” comuns para o trabalho precoce

Apesar de condenável e proibido por lei, ainda há quem procure justificar a necessidade do trabalho infantil. Alguns argumentos, freqüentemente usados para “justificar” essa prática, devem ser refutados.
“Crianças e jovens (pobres) devem trabalhar para ajudar a família a sobreviver”.
É a família que deve amparar a criança e não o contrário. Quando a família se torna incapaz de cumprir essa obrigação, cabe ao Estado apoiá-la, não às crianças. O custo de alçar uma criança ao papel de “arrimo de família” é expô-la a danos físicos, intelectuais e emocionais. É um preço altíssimo, não só para as crianças como para o conjunto da sociedade pois, ao privá-las de uma infância digna, de escola e preparação profissional, reduzimos o valor dos recursos humanos que poderiam impulsionar o desenvolvimento do país no futuro.
“Criança que trabalha fica mais esperta, aprende a lutar pela vida e tem condições de vencer profissionalmente quando adulta”.
O trabalho precoce nunca foi estágio necessário para uma vida bem-sucedida. Ele não qualifica e, portanto, é inútil como mecanismo de promoção social. O tipo de trabalho que as crianças exercem, rotineiro, mecânico, embrutecedor, impedeas de realizar as tarefas adequadas à sua idade: explorar o mundo, experimentar diferentes possibilidades, apropriar-se de conhecimentos, exercitar a imaginação...

“O trabalho enobrece a criança. Antes trabalhar que roubar”.
Esse argumento é expressão de mentalidade vigente segundo a qual, para crianças e adolescentes (pobres, pois raramente se refere às das famílias ricas), o trabalho é disciplinador: seria a “solução” contra a desordem moral e social a que essa população estaria exposta. O roubo – aí conotando marginalidade – nunca foi e não é alternativa ao trabalho infantil. O argumento que refuta esse é, “antes crescer saudável que trabalhar”.
O trabalho infantil marginaliza a criança pobre das oportunidades que são oferecidas às outras. Sem poder viver a infância estudando, brincando e aprendendo, a criança que trabalha não é preparada para vir a ser cidadã plena, mas para perpetuar o círculo vicioso da pobreza e da baixa instrução.
Outro argumento presente na sociedade é o de que o trabalho é um bom substituto para a educação. É usado principalmente no caso de crianças com dificuldades no desempenho escolar.
Muitas famílias, sem vislumbrar outras possibilidades de enfrentamento dessas dificuldades, acabam incorporando a idéia de que é melhor encaminhar seus filhos ao trabalho. Nesse caso, cabe à escola repensar sua adequação a essa clientela, pois a função social da escola em uma sociedade democrática é permitir o acesso de todos os alunos ao conhecimento.
Em suma, o trabalho infantil não se justifica e não é solução para coisa alguma. A solução para essa problemática é prover as famílias de baixa renda de condições tais que elas possam assegurar a suas crianças um desenvolvimento saudável.
Fonte: OIT, Criança que trabalha compromete seu futuro, 1995, fasc.1, p.8-9.

História – Texto 3

Na pedreira

O lugar não é para brincadeiras. Usa-se cartucho de pólvora para fragmentar a pedra; lascas de pedra e aço dos instrumentos voam para todo lado e inala-se pó o tempo inteiro. Ninguém usa óculos nem qualquer outro equipamento de proteção.
Acidentes são rotina. (...). No povoado de Taquara (...) Francisco, 11 anos, quebrava pedra como todos os meninos: sentado no chão, no meio da poeira levantada pelas explosões a dinamite, pelo entra-e-sai dos caminhões e sob o sol escaldante.
Martelava pedra com uma marreta, sobre uma pedra almofariz. Para cada carrinho de cinco metros cúbicos de brita, Francisco recebe o equivalente a pouco mais de dez centavos de dólar.
Ele produz 20 carrinhos por semana; se a mãe vem junto, a produção chega a 60 carrinhos.
(Extraído de Huzak & Azevedo, 2000, p.100)

História – Texto 1

Tocantins lidera ranking e Rio tem menor índice de trabalho infantil no país.

Segundo o IBGE, 4,5 milhões de pessoas entre 5 e 17 anos trabalham.

Dados foram obtidos pelo G1 com base em informações do IBGE.

O Tocantins é o estado com maior incidência de trabalho infantil em todo o país enquanto que o Rio de Janeiro tem o menor índice, segundo dados obtidos pelo G1 com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Cerca de 4,5 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos trabalham em todo país, de acordo com o IBGE - cerca de 10% de toda a população na faixa etária.
No Tocantins, o percentual da população entre 5 e 17 anos ocupada é de 15,7%. No Rio, o índice é 3,9%.
Seguindo método orientado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), o G1 cruzou os dados da população total de cada estado na faixa etária com a população ocupada na mesma faixa de idade - o IBGE só havia divulgado os números referentes às cinco regiões e não as informações individuais do estado. Confira abaixo a situação do trabalho infantil e juvenil em todos os estados.
A legislação brasileira permite o trabalho na condição de aprendiz a partir dos 14 anos e em qualquer caso acima dos 16, mas muitas crianças e adolescentes começam a pegar no batente mais cedo.
Acima dos 14 anos, o IBGE aponta que são R$ 2,99 milhões de ocupados. Mas, dados de 2008 do Registro Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego, apontam que apenas 360 mil jovens de 16 e 17 têm emprego com carteira assinada. Outros 160 mil jovens acima dos 14 trabalham como aprendizes. Isso significa que 2,47 milhões de adolescentes trabalham sem ter seus direitos trabalhistas respeitados.
O coordenador do Programa Internacional para Eliminação do Trabalho Infantil da Organização Internacional do Trabalho no Brasil (OIT), Renato Mendes, diz que o trabalho infantil está sempre atrelado a outros indicadores e à desvalorização da mão-de-obra adulta. "O trabalho infantil nunca vem sozinho, vem com outros indicadores de desenvolvimento humano, educação básica, pobreza."
Segundo Mendes, tradicionalmente os estados do Nordeste e Norte estão no topo do ranking por conta dos indicadores econômicos. Os estados do Sul, porém, ficam em evidência por conta do aspecto cultural, que muitas famílias educam os filhos, principalmente no campo, por meio do trabalho.
A responsável pela Coordenadoria da Infância do Ministério Público do Trabalho, procuradora Mariane Josviak, explica também que nas capitais é mais comum o trabalho nas ruas, na venda de produtos, exploração sexual e trabalho doméstico. No interior, segundo ela, as crianças atuam mais na agricultura.

Textos para reprodução para os alunos

Textos para reprodução para os alunos

A seguir encontram-se os textos a ser utilizados nas atividades das várias disciplinas, arranjados de modo a facilitar sua cópia (xerox) e reprodução para os alunos.
Lembramos que, no caso de páginas que contêm dois textos, você pode optar por destacar e distribuir apenas o que for ser utilizado em determinada aula, guardando as cópias do outro para a aula seguinte.

Atividade 4

Não desligue o televisor!

Objetivos: Criar um comercial para TV sobre a erradicação do trabalho infantil; expressar-se na linguagem cênica; observar de maneira mais crítica os comerciais de televisão; adquirir algumas noções de artes cênicas.
Material: cartazes 2 e 3; se necessário, material de apoio, acessórios para a caracterização de personagens (tecidos, chapéus, óculos, perucas...); se possível, uma filmadora.

Alternativamente, esta oficina também pode consistir na criação de um anúncio para rádio.
Nesse caso, a ênfase não será nas imagens visuais mas na palavra, no som.
Nesta oficina você estará exercitando com os alunos um pouco de teatro; para tanto, é necessário, antes de qualquer atividade, fazer um pequeno aquecimento com a turma. Um outro cuidado que se deve ter é quanto à exposição dos alunos: incentive todos a participar, mas muitas pessoas não se sentem bem quando colocadas como foco das atenções; portanto, não force os que não quiserem participar; dê-lhes outra função, como preparar o cenário, pensar nas falas, na maquiagem, figurino, fundo musical etc.
Esvazie a sala, retirando ou afastando todas as carteiras, de modo que sobre o maior espaço vazio possível. Peça que todos fiquem em pé, se espreguicem, façam vária vezes o gesto de jogar fora luvas e chinelos e caminhem lentamente pela sala, ocupando todos os espaços, sem se olhar. A um sinal seu (pode ser o som de palmas) mude o comando, peça-lhes que andem de costas. Novo comando, voltam a andar normalmente e, novo sinal, correndo, voltam ao normal. Peça agora que se olhem nos olhos quando cruzarem com um colega. Dê uma série de orientações, sempre intercaladas com uma volta ao modo normal de andar: como bêbados, como soldados marchando, como velhos, como num desfile de modas, na corda bamba, na lama, num terreno minado... diga “Uma bomba explodiu!” e mande “Congelar!” (parar no meio da ação, como se tivessem se transformado em estátuas).
Novamente, solicite que se levantem, se espreguicem e caminhem pela sala. A um sinal seu, deverão congelar o movimento. Peça-lhes que continuem andando normalmente, alternando ordens como: amarrem o seu tênis, congelem, andem, troquem a lâmpada do teto;
congelem, andem; escovem os dentes, congelem, andem; peguem um lápis que caiu no chão, congelem, andem; apanhem uma laranja bem alto, numa árvore, congelem, andem; acenem para alguém que está muito longe, congelem, andem, apaguem com o pé um cigarro aceso que caiu no chão, congelem, andem, ajoelhem-se na igreja, congelem, andem, lavem roupa no tanque, congelem, andem, rodem um bambolê na cintura, congelem, andem.
Peça agora que o grupo se organize em duplas, um frente ao outro para o jogo do espelho. As duplas deverão combinar quem é a pessoa, quem é o espelho. O jogador “pessoa” deverá fazer o maior número possível de movimentos, desde os mais sutis, como mascar chicletes aos mais elaborados, como contorcer-se no chão e o “espelho” deverá imitar simultaneamente todos os gestos de seu par. Passados uns dois minutos (ou menos) diga bem alto “Troca!”, assim, quem era espelho vira pessoa e a pessoa, espelho, seguindo as mesmas regras.
Criando um comercial
Peça aos alunos que se sentem em círculo, no chão ( e você também) e diga-lhes que seu próximo desafio será o de criar um comercial para televisão, um “miniteatro”, que conscientize as pessoas sobre a vida da criança e do adolescente que trabalha. Recupere um
pouco de tudo que já foi falado nas outras aulas, traga mais idéias a partir da leitura do volume 1.


SUGESTÕES DE ATIVIDADES
Converse com os alunos
pedindo para que cada um fale sobre algum comercial de TV do qual gostou, ou que achou criativo, não esqueceu, e pergunte por quê. Diga você também o seu.
Peça-lhes também para comentar algum comercial que tenham achado horroroso e que digam por quê. Explique que um comercial deve influenciar as pessoas: elas deverão acreditar naquilo que os atores estão dizendo. Lembre ainda aos alunos que um comercial é muito rápido; portanto, em alguns segundos ou minutos, terão de dar seu recado!
Divida a classe em grupos de, no máximo, seis pessoas e dê-lhes tempo para pensar e ensaiar seu comercial. Circule entre os grupos, orientando-os e esclarecendo dúvidas. Ofereça-lhes, se possível, material de apoio (tecidos, papéis, cartolinas, tesoura, cola, tintas, pincéis, pois pode ser que alguém queira fazer um chapéu, um bigode postiço...).
Se o grupo quiser, poderá também utilizar o jingle criado na aula anterior, como fundo musical, e o logotipo como elemento do cenário.
Incentive-os quanto ao uso, assim, a campanha vai ficando cada vez mais marcante, sonora e visualmente.
Apresentando o comercial.
Sorteie a ordem de apresentação dos grupos.
Divida novamente a sala em palco e platéia – e diga-lhes que, agora, estão na TV!
Se for possível dispor de uma filmadora, seria excelente gravar os comerciais.
Assim que cada grupo apresentar seu comercial, incentive a platéia a aplaudir. O esforço dos alunos deve ser recompensado. Deixe o grupo ainda no palco, enquanto você comenta com a platéia se esta entendeu o que os “artistas” queriam dizer, se as falas, os gestos, os movimentos, a ocupação do espaço etc. foram adequados, se deu para ouvir bem, se ficou clara a idéia sobre a erradicação do trabalho infantil, se a platéia quer fazer alguma pergunta ao grupo.
Passe a palavra aos alunos que se apresentaram para que respondam às dúvidas da platéia.
Pergunte-lhes como foi trabalhar em equipe, se foi fácil criar a cena, se alguém não se sentiu à vontade, se sentiram falta de material, se gostariam de alterar algo em sua apresentação depois das colocações feitas pelos colegas etc.
Chame outro grupo para se apresentar e proceda da mesma maneira, até que todos tenham se apresentado.
Finalmente, se tiver filmado os comerciais, mostre-os à classe.
Lembre-se: todas essas atividades poderão, se os alunos quiserem (pois não se pode forçá-los, principalmente nas apresentações de música e teatro, quando alguns poderão sentir-se constrangidos), formar parte do evento que marcará o final do projeto na escola, de conscientização sobre a necessidade da erradicação do trabalho infantil. Assim, poderiam ser convidados a ver o trabalho dos alunos os pais, famílias, a comunidade, funcionários da escola etc. Integre-se aos demais professores da equipe escolar para a organização desse evento.

Atividade 3

Quem canta seus males espanta?

Objetivos: criar um jingle para uma campanha sobre a erradicação do trabalho infantil; expressar-se na linguagem musical; adquirir noções sobre música; pesquisar e buscar uma postura crítica sobre os jingles veiculados pela mídia.
Material: se possível, instrumentos musicais e gravador.

Retome com a classe as oficinas anteriores, lembrando-os da importância da arte enquanto linguagem. Na criação dos símbolos, os significados vinham através das cores e formas; nesta oficina, a proposta é a criação musical; portanto o “material” a ser trabalhado serão os sons e os silêncios.
Novamente, proponha à classe a continuidade da campanha sobre a erradicação do trabalho infantil. Comente com os alunos os problemas decorrentes de tal situação, como o analfabetismo, a evasão escolar, as doenças e acidentes a que estão submetidas crianças que muito cedo têm de trabalhar, a falta de convívio com a família e amigos, a absoluta falta de tempo para brincar, descansar, sonhar, fantasiar... O amadurecimento precoce, o cansaço, enfim, todas as situações nefastas que privam a criança de uma etapa de sua vida que lhe é negada e que lhe trará sérias conseqüências no futuro.
Converse com os alunos então sobre os jingles que eles conhecem. Explique-lhes que jingles são aquelas músicas utilizadas em propaganda, para divulgar produtos no rádio e na televisão. Peça que cada um diga ou cante algum que se lembre ou que ache interessante. Diga-lhes que o próximo desafio, agora, é justamente criar uma música que fale sobre a importância da infância, do problema do trabalho infantil.
Divida a classe em grupos e oriente-os na criação musical. Se a turma em questão for de 1º ao 5º ano, você pode sugerir que façam uma paródia, ou seja, colocar uma letra em uma música já existente. Por exemplo, trocar a letra de “Ciranda, cirandinha” por outra, de criação do grupo, auxiliado por você. (Criança, criancinha está na hora de brincar; largue todo esse trabalho, agora vamos estudar...)
Lembre-os que um jingle deve ser curto, de fácil memorização, se possível “contagiante”, ao mesmo tempo que veicula uma idéia que é o objetivo da campanha.
Se na escola existirem instrumentos musicais ou bandinha rítmica, você pode oferecê-los aos alunos para que enriqueçam sua criação. Pode também pedir ajuda ao professor de Português na elaboração das letras das músicas, já que, na verdade, estas não deixam de ser pequenos poemas – e nem sempre é fácil trabalhar com rimas.
Dê um bom tempo para a execução da tarefa.
Se houver salas ociosas em sua escola, seria interessante colocar um grupo em cada uma, ou leve-os para o pátio, colocando-os distantes para que um grupo não atrapalhe o ensaio do outro.
Circule entre as equipes auxiliando-as e incentivando-as a ser criativas e a dizer o que de fato pensam sobre o trabalho infantil.
Assim que todos os grupos tiverem terminado, sorteie a ordem de apresentação. Determine um local da sala de aula onde será o “palco”, ou seja, onde os alunos se apresentarão. É fundamental que você prepare os grupos para ouvir críticas construtivas e para responder a possíveis dúvidas da “platéia”.
Se você tiver um gravador, será excelente gravar os jingles, pois, o grupo que se apresentanem sempre tem a exata noção do que é “ouvir-se”.
Da mesma forma, após as apresentações, seria ótimo se todos pudessem ouvir novamente as produções da classe, como se estivessem ouvindo rádio.
Assim que cada grupo se apresentar, incentive a “platéia” a aplaudir e comente cada trabalho, dando a palavra primeiro ‘para os que assistiram, para elogios, pedidos de esclarecimentos de dúvidas ou sugestões; depois passe-a ao grupo que se apresentou, para que se coloquem e respondam a possíveis dúvidas.
Depois que todos os grupos tiverem se apresentado, discuta com a classe se as músicas eram de fácil memorização, se continham uma boa mensagem sobre a erradicação do trabalho infantil, se o ritmo era adequado, se a composição não ficou muito longa ou curta demais, se há alguma correção a fazer etc.
Se os alunos tiverem utilizado instrumentos musicais, fale também um pouco sobre instrumentos, aumentando seus conhecimentos sobre a linguagem musical.
Se os jingles tiverem sido gravados, reproduza-os para que a classe possa ouvir. Lembre-se que deverão ser reproduzidos também no evento final.

Atividade 2

Divulgando as idéias do grupo-classe

Objetivos: Criar um out-door para uma campanha de conscientização sobre o trabalho infantil; expressar-se nas artes visuais; entender a arte como sistema simbólico de representação; adquirir noções de ocupação de espaço, composição; articular texto e imagem; exercitar um olhar crítico sobre cartazes e out-doors.
Material: Papel pardo ou cartolina, fita crepe, lápis, papeis coloridos, tesoura, cola, revistas,
tinta guache, pincéis.

Alternativamente, esta oficina pode consistir na criação de um selo, um adesivo para automóveis ou geladeiras, o que reduz gastos com material; também podem ser criadas várias dessas formas, o que permite aos alunos trabalhar com espaços diferentes. Também, se tiver um número maior de aulas, pode sugerir à classe que crie desenhos para camisetas, bonés, chaveiros, capas de caderno, calendários, marcadores de livros etc. que, supostamente, fariam parte de uma grande campanha de conscientização da população sobre o trabalho infantil em nosso país.
Pergunte aos alunos se lembram de algum daqueles grandes cartazes espalhados pelas ruas da cidade. Explique que são conhecidos pelo nome de out-door e incentive-os a falar sobre os que mais os impressionaram, quais acharam mais bonitos etc. Diga-lhes que a tarefa que terão a seguir será, exatamente, criar um desses enormes cartazes para que todos na escola vejam e possam também pensar um pouco sobre o problema do trabalho infantil.
Voltem ao painel executado na aula anterior e peça aos alunos que escolham (ou sorteiem) quatro ou cinco desenhos que melhor identifiquem o pensamento da classe sobre a campanha de erradicação do trabalho infantil.
Não precisa ser o melhor pintado ou o mais bem feito, mas aquele que melhor simboliza a idéia
que o grupo quer expressar.
Divida a classe em grupos (tantos quantos forem os trabalhos selecionados) e distribua um dos símbolos escolhidos para cada um. É recomendável que o autor do desenho faça parte do grupo. Se a equipe quiser alterar algum detalhe ou mudar alguma cor do logotipo, já que agora o trabalho não é mais individual, mas do grupo, isso só poderá ocorrer com a concordância do autor do desenho, que deverá argumentar sobre as razões que o levaram a determinada escolha; assim também deverá fazer a equipe, justificando a mudança. Auxilieos
na busca de consenso.
Dê-lhes algum tempo para pensar e rascunhar o projeto do cartaz, que deverá obrigatoriamente conter o logotipo escolhido e tantas outras magens quantas o grupo decidir, o mesmo valendo para o texto. Lembre-os, porém, que um out-door é visto muito rapidamente, por pessoas que têm pressa, estão no automóvel, no ônibus, no horário de almoço, voltando para casa, portanto, esse cartaz deve conter um máximo de informações num mínimo de texto. Alerte-os sobre a importância da imagem! Quem tem pressa não tem muito tempo para ler, mas as imagens, mesmo que de relance, são vistas e podem influenciar as pessoas.
Conte-lhes também que muitos out-doors agora já não respeitam mais o limite do retângulo original: apresentam imagens que parecem saltar para o espaço, rompendo com as regras tradicionais e, portanto, mais uma vez, chamando a atenção de quem passa. Incentiveos a serem criativos, ousados, originais!
Determine um tamanho padrão para os cartazes (120cm x 80cm, por exemplo, ou maior), ensine-os a colar as folhas de papel pardo ou cartolina por trás, com fita crepe até alcançar o tamanho estipulado. Oriente os alunos na ampliação dos desenhos, execução das letras do texto e, principalmente, na composição do cartaz.
Se você estiver trabalhando com as séries iniciais, leve o papel já colado, pronto para receber o desenho e auxilie as crianças na execução do mesmo. Não exija dos pequenos algo muito elaborado; você pode também diminuir o tamanho do cartaz e trabalhar com pintura a dedo ou colagem. O importante é que todos participem.
Nas classes com alunos maiores, distribua guache, pincéis, copos descartáveis para água e mistura de tintas, assim como papel toalha ou tecido velho para limpeza dos pincéis. Oriente os alunos na obtenção das cores que necessitarem e na pintura em geral. Você pode também optar por colagem se achar mais produtivo e mais de acordo com o nível dos alunos; para tanto, distribua papéis coloridos, revistas velhas, tesoura e cola. Nada impede, também, que o
grupo utilize uma técnica mista: por exemplo, o desenho pintado e as letras do texto, recortadas de jornais ou revistas e coladas sobre o guache.

Terminados os trabalhos, converse com a classe sobre como foi trabalhar em equipe, se os cartazes divulgam bem a idéia do grupo e o significado da campanha, se as pessoas que os virem se sentirão atraídas por eles. Discuta também sobre questões estéticas – a composição, ocupação do espaço, utilização das cores, a pintura, se os cartazes são inovadores, como foi a escolha das imagens, do texto e também sobre a arte enquanto representação de idéias, enquanto algo que tem significado.
Converse com os alunos sobre os pontos mais movimentados da escola e, junto com eles, coloquem os cartazes espalhados pelos locais onde passam mais pessoas.

Atividade 1

Criando um símbolo

Objetivos: Criar um símbolo que represente o combate ao trabalho infantil; expressar-se nas artes visuais; conhecer e estabelecer um juízo crítico sobre as produções de marcas e logotipos; entender a arte como linguagem, como sistema simbólico de representação; perceber que imagens podem ser lidas, interpretadas, que contêm significados.
Material: revistas e jornais, tesoura, cola, papel canson branco (ou sulfite), papéis coloridos, lápis de cor, borracha, tinta gouache, pincéis.

Converse com a classe sobre a importância de saber ler não apenas palavras, mas também linhas, cores, formas. Dê exemplos. Nas grandes cidades do mundo inteiro, todos os motoristas (e muito mais gente) sabem ler o que significa o vermelho do semáforo. Assim também, identificamos as bandeiras dos países, os distintivos dos clubes de futebol, os ícones do computador, os logotipos de bancos e indústrias, as marcas das grandes empresas e emissoras de televisão. Quem não conhece, por exemplo, os desenhos que identificam as Olimpíadas?
Existem símbolos tão antigos que, embora os reconheçamos hoje, esquecemos que foram criados há milênios, permanecendo com seu real significado através dos séculos, como por exemplo a cruz para os cristãos, a estrela de Davi para os judeus e tantos outros, em diversas partes do mundo.
Peça aos alunos para se lembrarem do maior número possível de marcas, logotipos, símbolos, distintivos que conseguirem. Incentive-os. Se alguém quiser desenhar na lousa, melhor.
Divida a classe em grupos, distribua jornais, revistas, catálogos, etc., e peça-lhes que pesquisem marcas, bandeiras, logotipos, logomarcas, símbolos, distintivos etc., que deverão ser recortados.
Peça que discutam nos grupos sobre o significado das marcas encontradas, o porquê de suas formas, de suas cores, letras etc.; estimule-os a explicitar a relação entre o desenho e a idéia representada.
Distribua uma folha de papel em branco a cada grupo para que façam uma colagem com esse material, procurando organizar as figuras encontradas de um modo artístico, original. Vale colocá-los de ponta-cabeça, um sobre o outro, cortá-los ao meio separando-os, etc.
Prontos os trabalhos, organize um único mural com todos eles; mostre ao grupo que eles criaram uma nova possibilidade artística: montaram um grande painel, que, embora utilizando as marcas dos outros (os logotipos, bandeiras, etc.), têm agora a marca do grupo: fizeram uma composição utilizando essas figuras não mais como marcas, mas como elementos de uma nova obra.

Marca ou logomarca: desenho que identifica uma firma, empresa, instituição, etc.; exemplo: a arvorezinha da Editora Abril.
Logotipo: siglas ou conjunto de letras organizadas, desenhadas, que representam uma firma, empresa, etc., por exemplo “Coca-Cola”, “MTV”.


Em outra ou na mesma aula, reforce a idéia de que a arte é uma linguagem, que as cores, linhas, formas numa produção artística têm uma intenção, um significado; portanto, representam idéias, sentimentos, pensamentos. Conversando com os alunos, pergunte-lhes se já viram alguma campanha (de vacinação, prevenção da AIDS, anti-tabagismo, de partidos políticos...) sobre qualquer assunto, na televisão, em revistas, cartazes etc. Pergunte-lhes se essas campanhas tinham um símbolo que as identificava.
Em seguida, pergunte à classe o que já aprenderam sobre a criança que trabalha, sobre o direito à infância, ao estudo, à brincadeira, à companhia dos pais, ao descanso... Perguntelhes se conhecem crianças que trabalham e como são suas vidas. Peça-lhes para lembrarem das discussões já realizadas nas aulas de História e que sugiram um tema para uma campanha sobre a erradicação do trabalho infantil (p.ex.,
“Lugar de criança é na escola”, “Diga não ao trabalho infantil”).
Proponha aos alunos então a criação de um símbolo, de um logotipo para essa campanha.
Lembre-os que essa marca deve representar o pensamento deles sobre o trabalho infantil; portanto, nenhuma cor, nenhuma forma será usada aleatoriamente; cada linha, cada sombra terá uma intenção, um significado. Esse trabalho deverá ser realizado individualmente.
As crianças pequenas poderão fazê-los utilizando lápis de cor; as maiores, se quiserem, poderão usar tinta guache.
Terminados os trabalhos, faça um grande painel com todos eles e discuta as idéias mais presentes, as cores mais utilizadas, se apareceram mais logotipos ou logomarcas, o significado das cores, das formas etc. Peça aos alunos que comentem seus símbolos, que expliquem por que tal desenho representa sua idéia sobre o combate ao trabalho infantil.
Sugira que dêem um título ao painel, explicando as razões de sua escolha.

Arte

As oficinas a seguir foram pensadas em uma visão do ensino de arte como linguagem e como área do conhecimento humano. A arte, patrimônio cultural da humanidade, não só nos faz entender o passado; também ressignifica o presente e antecipa o futuro: esse mundo que ainda não é, mas pode vir a ser, torna-se real nas pinturas, filmes, histórias em quadrinhos, na música, no teatro, enfim em toda as linguagens artísticas. Dessa forma, quem sabe, formando cidadãos mais conscientes e críticos, talvez possamos, também através da arte, sensibilizá-los a serem os transformadores da sociedade, naquilo em que mudanças se fazem urgentes.
Assim, as oficinas aqui propostas não se resumem a um simples fazer, lazer ou à produção de objetos supostamente artísticos, mas visam levar os alunos a refletir sobre as questões propostas, pretendendo que essa reflexão sobre a erradicação do trabalho infantil não se esgote na sala de aula, mas se estenda ao dia-a-dia dos envolvidos.
É importante que você converse com os professores dos outros componentes curriculares, como Ciências, História, Geografia, Língua Portuguesa, que também estarão trabalhando neste projeto, para que seu trabalho seja mais rico e para garantir que os alunos já tenham discutido e aprofundado, nessas disciplinas, a questão do trabalho infantil. É imprescindível a leitura atenta, consciente, do volume 1.
Estas atividades podem ser desenvolvidas com alunos a partir da 1a até à 8a oitava série, mudando apenas o grau de profundidade com que cada conteúdo será trabalhado.
O tempo destinado a elas será idealmente de no mínimo duas horas-aula, podendo ser ampliado ou reduzido de acordo com as necessidades, idade e interesse da classe.
Os materiais sugeridos podem ser ampliados utilizando-se recursos da própria região, como tintas feitas a partir de flores, folhas, pedras, terra, pigmentos, etc.; bem como os pincéis feitos com fibras, etc.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Atividade 3

O trabalho infantil na comunidade

Objetivo: Obter dados e informações a respeito das atitudes para com o trabalho infantil na sua comunidade.
Material necessário: papel, lápis, borracha, régua, cartolina e recortes de jornais e revistas.

Para classes da 3º ao 5º ano
Converse sobre as atividades já realizadas sobre o assunto e anuncie que irão fazer um “mapeamento” do que as pessoas pensam sobre o trabalho infantil. Faça junto com a classe um roteiro de perguntas para ser usado em entrevistas com os pais e outras pessoas. É muito importante procurar as mais diversas pessoas da sua comunidade, como o padre, o dono da venda ou mercearia, algum político local vereador ou prefeito, outros professores, donas de casa, motoristas, vendedores ambulantes, feirantes etc.
O roteiro sugerido envolve questões sobre o trabalho infantil como:
1) O sr(a). conhece alguma criança que trabalha? Qual o tipo de trabalho desempenhado?
2) Qual a sua opinião sobre o trabalho infantil?
3) Por que existe o trabalho infantil?
4) Quais as conseqüências para as crianças que trabalham muitas horas por dia?
5) Qual a sua opinião sobre o papel dos governos no combate ao trabalho infantil?
6) Na sua opinião, como a sociedade deveria se organizar para ajudar a acabar com o trabalho infantil?
Peça aos alunos para anotar as respostas de maneira organizada nos cadernos.
Após a pesquisa, forme grupos para que discutam e comparem as respostas obtidas. Em seguida, anote os resultados na lousa, em forma de relatório, e incentive comentários. Peça que copiem e ilustrem o relatório em seus cadernos.
Ainda em grupos, peça que criem pequenos cartazes com frases (que podem ser ilustradas com colagem ou desenho) sobre as principais conclusões a que chegaram após as entrevistas: opiniões sobre trabalho infantil, por que crianças trabalham, por que não devem trabalhar em hipótese alguma, o papel do governo e da sociedade em combater o trabalho infantil. Organize uma exposição dos cartazes no pátio da escola, não esquecendo de reservar alguns para expor no evento final.


Para classes da 6º ao 9º ano
Adote os mesmos procedimentos acima para fazer a pesquisa. Se preferir, acrescente questões, para ampliar o debate sobre o tema:

7) O sr(a). conhece ou já ouviu falar do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)?
8) Conhece os direitos das crianças? Quais?
9) A sua comunidade já promoveu alguma atividade para defender os direitos das crianças e adolescentes?
10) Na sua opinião, em que idade a criança deve completar sua educação? Em que idade deve ser permitido que a criança comece a trabalhar?
11) Sua escola ou a do seu filho organizou alguma atividade relacionada aos direitos da criança e do adolescente, ou ao trabalho infantil?
12) Conhece alguma organização local, nacional ou internacional que atua na defesa dos direitos das crianças?
13) O que o sr(a). pode fazer para contribuir para o fim do trabalho infantil?
Após a pesquisa, proponha aos alunos a elaboração de cartazes com tabelas e gráficos de barras dos dados obtidos (se necessário, peça a colaboração do professor de Matemática).
Promova a discussão coletiva dos resultados, relembrando o que estudaram sobre “justificativas” para o trabalho infantil em História e Português.
Finalize essa atividade solicitando à classe que escreva uma carta sobre os direitos das crianças, as conseqüências do trabalho infantil na vida delas e cobrando providências para sua eliminação. Com auxílio do professor de Português, proceda à revisão do texto coletivo.
Envie cópias dessa carta a representantes como vereadores da cidade, deputados estaduais e federais, de Conselhos Municipais e do Ministério Público.